Ideia para Filme: Do sal às estrelas

O Amor que Queimou os Céus: A Lenda de Caruá e Urupá

Havia um tempo em que o mundo vivia em sombras. Tribos sedentas de poder manchavam o solo com sangue, destruindo o que não entendiam e odiando tudo o que não podiam controlar. As árvores caíam, os rios se tornavam venenos, e até os ventos, outrora livres, carregavam o cheiro da destruição.

No entanto, havia dois refúgios que resistiam à ruína: Caruá e Urupá, cidades gêmeas escondidas entre montanhas inalcançáveis. Eram redutos de exilados, os rejeitados de todas as tribos, aqueles que ousaram sonhar com um mundo onde a liberdade pudesse florescer. Ali, o amor não tinha fronteiras, a vida era celebrada em sua forma mais pura, e cada gesto parecia carregar o toque de algo divino.

Enquanto o mundo fora das muralhas gritava em caos, dentro das cidades ouvia-se apenas música, risos e palavras de ternura. Os céus, que há muito haviam perdido a esperança na humanidade, começaram a observar.

Noah e a Dançarina de Luz

Os anjos foram enviados à Terra, buscando os últimos vestígios de bondade. Entre eles estava Noah, um guardião de coração puro, mas marcado por dúvidas sobre o propósito de sua missão. Ele não esperava encontrar algo que o tocasse, até chegar à praça principal de Urupá.

Era noite, e as ruas brilhavam sob lanternas que balançavam ao vento. No centro da praça, Noah viu Tara, dançando. Não era uma dança comum; seus movimentos pareciam conversar com o próprio universo, invocando a energia da criação. Seus pés deslizavam pelo chão como se ela flutuasse, e seu sorriso tinha a força de um nascer do sol.

Noah sentiu algo que nunca deveria sentir: um desejo ardente, não apenas físico, mas espiritual. Era como se Tara carregasse a centelha que ele buscava nos humanos, a prova de que o divino ainda vivia entre eles.

Tara, sem saber quem Noah era, percebeu algo em seus olhos — uma mistura de dor e fascínio. Ela sorriu para ele, e naquele instante, duas almas, uma terrena e outra celestial, se entrelaçaram de uma forma que nem mesmo o céu poderia separar.

O Ódio das Tribos

Mas enquanto Noah e Tara se apaixonavam, o brilho dessa conexão iluminou os céus, chamando a atenção das tribos vizinhas. Para essas tribos, Caruá e Urupá eram abominações. Os risos, a música e o amor que floresciam ali eram vistos como afrontas ao que chamavam de ordem divina.

Com tochas e lâminas, marcharam até as cidades. Ao chegarem, encontraram algo que incendiou ainda mais seu ódio: duas mulheres de mãos dadas, dançando sob as estrelas. Para eles, essa liberdade era um insulto àquilo que haviam construído com ferro e sangue.

“Profanos!” gritaram, enquanto suas espadas encontravam carne e suas flechas rasgavam o ar.

Tara, ao ver suas amigas caírem, correu para protegê-las. Seus gritos cortaram a noite, mas sua coragem não foi suficiente para deter a violência. Uma lança atravessou seu peito, e ela caiu de joelhos, seu sangue se espalhando como uma flor vermelha no chão da praça.

Noah, assistindo à cena, sentiu algo que nunca deveria sentir: ira divina. Ele desceu dos céus, sua forma humana desintegrando-se enquanto sua verdadeira essência surgia. Suas asas brilhavam como um sol nascente, e sua voz ecoou pelas montanhas.

A Ira Celestial

Num único gesto, Noah transformou os invasores em pó. O ar ficou pesado com a força de sua fúria, e a terra tremeu sob seus pés. Mas quando ele se voltou para Tara, já era tarde demais.

Ele a tomou nos braços, sua luz envolvendo o corpo dela como um cobertor. Tara abriu os olhos por um breve momento, sussurrando com dificuldade: “Dance por mim… quando eu não puder mais.”

Noah segurou sua mão até que a última centelha de vida se apagasse.

A Purificação e o Sal

Os anjos restantes desceram para testemunhar o que havia acontecido. Eles viram o amor de Noah e Tara, mas também viram o medo que tomou os corações dos habitantes de Caruá e Urupá. Aqueles que antes eram livres agora estavam presos à dor do que haviam perdido.

Com lágrimas que se misturavam ao sangue, os anjos tomaram uma decisão. Não podiam deixar que aquelas almas sofridas fossem condenadas à violência do mundo. Uma purificação foi realizada: os corpos dos habitantes tornaram-se sal, e suas almas foram transportadas diretamente para um lugar onde não haveria mais dor ou medo.

Os anjos partiram, mas Noah permaneceu. Ele segurou o corpo de Tara, envolto em uma luz dourada, e desapareceu.

O Legado de Caruá e Urupá

Hoje, dizem que onde antes estavam Caruá e Urupá, há montanhas de sal que brilham ao sol como lágrimas cristalizadas. Aqueles que ousam ouvir as brisas nessas montanhas dizem que podem escutar risos distantes e o som de passos dançando.

Noah e Tara tornaram-se lendas, símbolos de um amor que queimou os céus e iluminou o coração dos homens. Em algum lugar entre os mundos, acredita-se que eles ainda dançam juntos, lembrando à humanidade que mesmo nas trevas mais profundas, ainda pode haver luz.

Marcações:

1. As tribos que realizavam o mau contra a natureza era monoteísta,

2. Em Caruá e Urupá eles também, acima de tudo, eram monoteístas. Porém, ali eles ensinavam que o Deus maior supremo que as tribos que brigavam cultuam, ele pouco ou quase nada podia interferir na vida humana, ele mesmo com tuda sua onisciência não tinha “tempo” para estar aqui e cuidar das causas triviais humanas, a morte talvez era o mais próximo que ele podia chegar, uma oportunidade para recomeçar. Por isso, eles ensinavam a amar o próximo e a natureza como formas de se alcançar os bens maiores e supérfluos humanos, todos eram sagrados! Eles explicavam que a natureza era como a nossa professora e era com ela que deveríamos aprender e nos integrar, o Deus maior era como um grande e bom administrador (ministro da educação, como exemplo). Pouco adiantava ir pedir direto ao ministro da educação buscar aprender π ou bhaskara.