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A responsabilidade corporativa com os artistas: uma análise a partir do relato presente em Sechisland

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O longa-metragem Sechisland, realizado pelo grupo Kino-Olho, oferece ao público uma experiência sensível e íntima, revelando a rotina de um artista plástico residente na cidade de Rio Claro. No interior de sua casa, chamada “Island”, a vida e a arte se entrelaçam em um fluxo intenso e contínuo, marcado por expressões de arte bruta, pela luta diária contra o diabetes tipo 1 e pelos esforços para manter viva uma produção cultural autêntica, espontânea e conectada com o mundo. O filme não tem como foco central a crítica institucional, mas, em meio à narrativa, emerge um breve relato que merece atenção por seu potencial simbólico: o aumento repentino nos custos de envio de cartas registradas, meio pelo qual o artista se comunicava com seu público, afetando diretamente o seu trabalho e a manutenção de suas redes de contato.


Mais do que uma crítica direcionada a uma instituição ou serviço específico, esse episódio revela uma fragilidade estrutural que perpassa a nossa sociedade: a falta de atenção e suporte a grupos que dependem de canais acessíveis e constantes para se manterem ativos economicamente e socialmente, como é o caso de muitos artistas. Essa negligência não é exclusiva de um setor ou empresa, mas reflete um descaso generalizado com profissionais cuja atuação se ancora na sensibilidade, na autonomia e, muitas vezes, na informalidade. A arte, ao contrário do que por vezes se pensa, não é uma atividade periférica ou dispensável; é elemento constitutivo das identidades, das memórias coletivas e das transformações sociais. No entanto, a realidade enfrentada por muitos artistas, especialmente aqueles que vivem fora dos grandes centros urbanos ou em contextos de vulnerabilidade, é de invisibilidade e falta de políticas específicas de amparo.


Nesse sentido, torna-se urgente refletir sobre formas mais eficazes de integrar o setor artístico às decisões que afetam diretamente sua sustentabilidade. Uma possibilidade concreta seria a criação de cadastros públicos e acessíveis que permitam identificar os principais serviços utilizados por profissionais da cultura, possibilitando a essas pessoas um canal de comunicação mais direto com empresas e instituições — sobretudo em momentos de mudanças significativas. Essa prática, além de reforçar a noção de responsabilidade social das empresas e do poder público, permitiria a antecipação de impactos, a criação de alternativas personalizadas e o fortalecimento de vínculos com a comunidade artística.


O filme Sechisland, ao abrir as portas da casa e da alma de seu protagonista, evidencia a potência da arte enquanto forma de existência, resistência e cura. O relato sobre as dificuldades enfrentadas para manter o fluxo de comunicação com o público é um retrato fiel dos inúmeros desafios que os artistas brasileiros enfrentam diariamente, e nos convida a pensar em uma sociedade que reconheça e valorize esses trabalhadores não apenas no campo simbólico, mas também nas estruturas concretas de acesso, mobilidade e sobrevivência. Mais do que oferecer soluções isoladas, é preciso construir uma cultura de cuidado e respeito com aqueles que sustentam, com sua criatividade e perseverança, os pilares sensíveis e transformadores da vida social.

 
 
 

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